Riscos Climáticos

Os 3 passos iniciais para adaptar os portos às mudanças climáticas

há 1 ano
4 min

Extremos climáticos, como os que se abateram sobre o Ever Given e o Papaa 305 em 2021, e tempestades cada vez mais poderosas, como o furacão Irma em 2017 e o ciclone Mekunu em 2018, que danificaram as infraestruturas portuárias, destacam a realidade dos riscos da crise climática para o setor marítimo e portuário.

Ao analisar os riscos climáticos enfrentados por 1.340 dos principais portos do mundo, os pesquisadores da Universidade de Oxford recentemente mostraram que 86% desses portos estão expostos a mais de três perigos climáticos. E, globalmente, o risco climático total para os portos foi estimado em US$ 7,5 bilhões por ano.

Medidas de resiliência e adaptação para o setor marítimo e portuário se enquadram em três categorias principais: física, social e institucional. Mas é preciso considerar algumas etapas para selecionar e priorizar medidas de adaptação climática.

Nesse artigo, abordaremos os 3 passos iniciais para adaptar os portos às mudanças climáticas.

Passo 1: Realizar avaliações de risco

Passo 2: Monitorar as condições de mar e tempo

Passo 3: Selecionar e priorizar medidas de adaptação climática

Passo 1: Realizar avaliações de risco

Essa estratégia inclui documentar e reconhecer os fatores de risco em um porto marítimo. Etapa fundamental para entender a vulnerabilidade de um porto e suas instalações e, posteriormente, selecionar e priorizar medidas de adaptação climática.

Comece identificando os riscos mais relevantes. Isso significa ter informações históricas, organizadas e de fácil acesso sobre quais condições ambientais impactam as operações e infraestruturas.

Pode parecer óbvio. No entanto, muitos portos, terminais e operadores portuários não possuem esses dados.

Cerca de 44% das entidades do setor portuário global não tinham informações históricas sobre chuvas e seus impactos nas operações e infraestrutura portuária e 50% não tinham informações sobre ondas, em 2017. No Brasil, apenas 20% dos portos realizam um monitoramento contínuo das condições ambientais e seus impactos nas operações e infraestrutura.

Para auxiliar neste passo, disponibilizamos uma ferramenta simples que utilizamos amplamente para mapear o impacto das condições climáticas nas operações: a planilha de registro de ocorrências climáticas.

Passo 2: Monitorar as condições de mar e tempo

Uma vez identificado os riscos e limites operacionais, precisamos ter em mãos um sistema de gestão do risco climático, para monitoramento das condições climáticas e envio de alertas. Além de aumentar a segurança e resiliência a extremos climáticos, esse sistema também aumenta a segurança e eficiência do planejamento diário.

No curto prazo, evita acidentes e melhora a eficiência operacional. No médio e longo prazo, o planejamento estratégico do negócio passa a ser baseado no impacto futuro dos eventos climáticos nas operações e infraestruturas.

Por exemplo, um sistema de inteligência climática te dá suporte para tomar melhores decisões, compreender o comportamento das condições e tornar o planejamento operacional mais robusto, o que traduz em menos risco de acidentes/incidentes e maior eficiência operacional.

Passo 3: Selecionar e priorizar medidas de adaptação climática

O terceiro passo é escolher medidas de adaptação estruturais, gerenciais e operacionais que se encaixam melhor na realidade do seu negócio.

A adoção de medidas para aumentar a resiliência climática portuária vem aumentando a cada ano, embora ainda esteja restrita. Segundo a UNCTAD, 58% dos entrevistados em todo o mundo possuem estratégias para adaptação climática. No Brasil, apenas 28% dos portos têm medidas estabelecidas.

Análise multicritérios

Um dos métodos para selecionar e priorizar essas medidas é a análise de multicritérios. Os critérios para definição das medidas de adaptação climática seguindo esse método são:

— Custos: custos econômicos imediatos da opção, custos contínuos, custos sociais e ambientais associados;

— Eficácia: a opção alcança o objetivo declarado?

— Eficiência: os benefícios são maiores do que os custos?

— Equidade: a opção de adaptação não deve afetar negativamente pessoas, meio ambiente e o negócio;

— Prioridade: riscos extremos serem tratados com urgência;

— Cobenefícios: a opção é capaz de se beneficiar de oportunidades que conduzem a benefícios sociais, econômicos e ambientais?

— Má adaptação: a opção não deve limitar futuras opções de adaptação nem impactar negativamente pessoas ou outras áreas.

Quando começar a se preparar para a crise climática?

Agora! Se você está se perguntando quando iniciar a adaptação climática no seu negócio, o relatório AR6 do IPCC destaca que as mudanças climáticas já estão acontecendo em todos os âmbitos. Além disso, afirma que medidas de adaptação para redução dos riscos climáticos são eficientes em vários contextos, com alto grau de confiança.

A análise da RTI Internacional de 2022, calcula que a mudança climática provavelmente custará bilhões de dólares adicionais a cada ano — a menos que sejam tomadas medidas significativas de mitigação e/ou adaptação.

Combinações de medidas não estruturais, como sistemas de alerta antecipado, e medidas estruturais, como diques e outras infraestruturas, podem ser aplicadas em diversos setores, com grande potencial de reduzir a perda de vidas, ativos e recuros.

Nesse artigo compartilhamos passos importantes para você começar agora a definir e implementar medidas de adaptação para reduzir os impactos atuais e futuros dos eventos climáticos extremos em seu negócio. Continuamos abordando esse assunto no artigo sobre riscos climáticos para o setor portuário.

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Mariana ThéveninLíder de Inteligência Comercial e Marketing
Apaixonada pelo movimento do oceano, Mariana é oceanógrafa e mestre em oceanografia física. Ela se baseia em mais de 5 anos de experiência em divulgação científica para criar conteúdo de alto valor que mostre a importância da proatividade na segurança climática.
Apaixonada pelo movimento do oceano, Mariana é oceanógrafa e mestre em oceanografia física. Ela se baseia em mais de 5 anos de experiência em divulgação científica para criar conteúdo de alto valor que mostre a importância da proatividade na segurança climática.

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